Teste Ecooter E1R – A solução inteligente para a mobilidade urbana

 

Existem cada vez mais propostas elétricas de duas rodas. Mas nem todas conseguem ser efetivamente soluções para o motociclista comum. A scooter elétrica Ecooter E1R é uma proposta bem tentadora e com soluções inteligentes. O Andar de Moto teve a oportunidade de realizar um breve contacto com esta E1R, e aqui fica a nossa opinião sobre esta scooter amiga do ambiente.

Veículos elétricos são o futuro, e a consciência ambiental que a nossa sociedade revela faz com que os grandes fabricantes de motos estejam atentos e lancem motos elétricas. Ou, no mínimo, estejam a planear lançar modelos elétricos.

Já existem no mercado nacional diversas propostas elétricas em duas rodas. Mas as mais eficientes, seja em termos dinâmicos, como em termos de autonomia, acabam por se revelar mais dispendiosas no momento da aquisição. E esse, por mais que se poupe depois em combustível ou nas manutenções, continua a ser um fator que pesa no momento do comum motociclista decidir se compra uma moto elétrica ou a combustão.

Porém a Ecooter, marca representada em Portugal pela Watt, uma loja localizada em Lisboa dedicada a 100% a motos e scooters elétricas, tem no seu catálogo uma solução bastante interessante, diria até uma solução inteligente para quem procura um veículo de duas rodas elétrico, e com possibilidade de carregamento em qualquer sitío onde estamos!

A oportunidade de testar a E1R surgiu depois de um contacto com o responsável da Watt, Deodato do Ó, e apesar do nosso tempo aos seus comandos ter sido um pouco mais curto do que o habitual, a verdade é que a E1R mostrou os seus pontos fortes, e como pode, de facto, ser uma opção válida para quem procura movimentar-se dentro dos meios urbanos.

E começo por referir aquela que, para mim, será a característica mais importante da E1R: a bateria removível!

Quando me perguntam porque é que não tenho uma moto elétrica, a minha reposta, e imagino que seja a reposta de muitos de vós, é que não tenho sítio para carregar as baterias. Tenho um lugar de garagem, mas sem tomada para ligar a moto e carregar durante a noite.

Pois bem, com a E1R esse é um problema que fica resolvido. A bateria da Samsung é facilmente removida do seu encaixe debaixo do assento da scooter. É necessário retirar uma ficha, mas logo na minha primeira tentativa em menos de 30 segundos consegui remover a bateria. Depois é só levar para casa e colocar à carga, ligando-a ao transformador específico fornecido pela Ecooter, que por sua vez está ligado a uma tomada doméstica convencional.

Com um peso de 14 kg a bateria não é um incómodo de transportar, mesmo para quem morar num prédio com escadas e sem elevador. A carga completa demora 6 horas, e com uma carga, dependendo da forma como doseamos o acelerador, a Ecooter E1R percorre em condições reais cerca de 70 a 80 km. A bateria também pode ser carregada estando instalada na E1R.

De referir que uma bateria para a E1R custa 1200€. Por isso, se tiver mesmo necessidade, é possível comprar uma segunda bateria que fica a carregar em casa ou no escritório. Quando a bateria que está a usar esgota, facilmente podemos trocar para a segunda bateria, colocando a primeira à carga, e voltamos à estrada. Uma solução que, por exemplo, e de acordo com o staff da Watts, já é usada por alguns estafetas que percorrem mais do que os 80 km de autonomia anunciada pelo fabricante.

Tecnicamente a Ecooter E1R é definida pelo seu motor. Este motor tem uma potência máxima de 4 kW, mas é o seu binário de 165 Nm disponível logo a partir do momento de arranque que mais nos surpreende. A Watt define a E1R como sendo equivalente a uma scooter 125 cc, mas a verdade é que não chega a tanto. Fica lá perto, mas não consigo dizer que seja mesmo como conduzir uma 125 cc.

É verdade que o motor consegue colocar a E1R a rolar acima dos 50 km/h bastante rapidamente. Mas a partir daí sente algumas dificuldades em manter o ritmo da subida de velocidade, sendo que a velocidade máxima atingida em plano é de 85 km/h, e é necessário percorrer uma distância considerável para atingir esse valor.

Um bom exemplo do que estou a dizer foi quando arranquei de um semáforo lado a lado com uma scooter 125 cc. No arranque a E1R saiu disparada, até para minha surpresa que não esperava uma diferença tão pronunciada, mas depois a scooter a combustão recuperou a desvantagem e seguiu imparável para lá dos 100 km/h.

Mas a Ecooter E1R é muito mais do que a performance do seu motor. Por exemplo, a qualidade dos materiais utilizados é, de uma forma geral, muito satisfatória e que não fica atrás dos modelos referência dos grandes fabricantes. Apesar dos muitos painéis plásticos, em particular na zona do painel de instrumentos, um ecrã LCD personalizável, os encaixes entre painéis são perfeitos, e os ruídos parasitas mesmo em pisos degradados ou de calçada não são audíveis.

 

Com um toque no comando “chave inteligente” a Ecooter E1R fica pronta a arrancar. Temos dois modos de motor à escolha: Smart ou Sport. Entre os dois modos de motor, a diferença é que enquanto em Smart a E1R vê a sua velocidade máxima limitada aos cerca de 45 km/h ou pouco mais, em Sport a velocidade máxima é de 85 km/h.

Um pequeno rodar de acelerador e a E1R atinge uma velocidade que permite circular pelo meio do tráfego citadino sem sentirmos insegurança. Já testei outras scooters elétricas em que a velocidade que conseguiam manter não era, claramente, suficiente para acompanhar o fluxo de tráfego. Mas no caso da E1R isso não acontece, e em modo Sport dei por mim a passar por toda a gente a uns confortáveis 65 km/h, e com alguma margem de potência para acelerar e subir a velocidade caso necessário. Nas subidas o motor perde um pouco de força, mas nada de muito pronunciado.

Se a performance do motor é interessante mas não é surpreendente, o mesmo já não posso dizer da ciclística.

Estava à espera de encontrar uma scooter rija de suspensões e com travões menos potentes. Mas a Ecooter E1R comporta-se de uma forma muito agradável. As rodas de pequenas dimensões (12 polegadas em ambos os eixos) maximizam a agilidade, e com uma direção neutra a E1R deixa-se cair para as curvas de forma linear, mantendo a trajetória sem grande esforço. As trocas rápidas de inclinação são feitas sem ser necessário grandes impulsos no guiador, elemento que está bem posicionado em relação ao condutor, permitindo adotar uma postura descontraída.

 

Uma nota também para referir o bom espaço livre na plataforma, e mesmo eu que tenho mais de 1,80m de altura consegui encaixar bem nesta pequena scooter elétrica. A posição de condução recebe por isso nota positiva.

Num ou noutro troço mais degradado as suspensões, especialmente o monobraço frontal, têm alguma dificuldade em absorver impactos consecutivos. A frente fica um pouco “saltitona”, mas nada que nos deixe em pânico. Com dois passageiros o comportamento dinâmico não se altera em demasia, o que é a demonstração de um bom equilíbrio estrutural.

Se a questão da bateria removível é a característica que mais destaco nesta scooter elétrica, a segunda coisa que mais me surpreendeu pela positiva foram os travões. Um disco em ambos os eixos. Travagem combinada. Parece uma solução simples, mas no caso desta Ecooter é muito eficaz, com o tato na manete a revelar-se progressivo, e a E1R trava rapidamente numa curta distância.

 

Neste meu curto contacto com a Ecooter E1R não pude atestar as mais-valias de duas outras características que se destacam.

A primeira é a iluminação. Bem embutidas no design aerodinâmico e simples, a ótica frontal com formato em diamante e a luz de travão traseira de dimensões alargadas são totalmente em LED de alta potência. Mesmo durante o dia estas luzes são fortes, pelo que imagino que em condução noturna permitam uma visibilidade superior.

A segunda característica que não testei mas que considero extremamente válida é a app da Ecooter. Com esta aplicação para smartphone o proprietário da E1R pode, através de ligação Bluetooth, controlar diversos parâmetros da scooter: cores do painel de instrumentos, ligar / desligar a E1R, configurar o modo de condução Smart para maximizar autonomia, atualizar terminais inteligentes e controladores centrais, para além de ter acesso a um mapa que não só serve de GPS como também mostra onde a Ecooter E1R se encontra.

Tenho de confessar que não estava à espera de encontrar uma scooter elétrica tão prática e tão interessante. A E1R, através da solução de bateria removível, responde à questão do problema de onde carregar a bateria. Fantástico! E é um sistema simples de usar. Todas as motos elétricas urbanas deviam ter este sistema.

Com uma dinâmica interessante e neutra, a E1R mexe-se muito bem por entre os espaços apertados no meio do trânsito. É verdade que o compacto motor elétrico de 4 kW não tem o fôlego para percorrer os percursos abertos, mas em cidade é mais do que suficiente.

Neste meu veredicto final à Ecooter E1R não posso também de deixar de referir no preço. A Watt coloca o PVP nos 3990€. Um preço que me parece bastante ajustado para o que a E1R oferece, até porque os custos de utilização são extremamente reduzidos, e a manutenção mais dispendiosa será ao nível dos pneus.

Mas este preço pode tornar-se bastante mais aliciante! Se a Ecooter E1R for adquirida através de uma empresa, o preço desce imediatamente 23% relativos ao IVA. E depois podemos ainda acumular com um benefício governamental que atinge os 400€, o que obriga a entregar alguma documentação ao Estado, sendo o valor devolvido posteriormente. Tudo somado, estamos a falar em descontos que atingem os 1317€! Quase irrecusável.